O amor é uma forma sem o f
O amor é vário, é um pássaro infernal
Que fede e cheira e é inodoro
É um cão sarnento e sem decoro
É uma vil estátua de sal.
Diria que o amor é contradição logo de cara, mas é óbvio; por isso prossigamos
O amor para dizer verdade não existe
Porque as pessoas não existem
Logo, não existem corações
E com um silogismo destruímos Eros
O amor nunca será um meio-termo
Nunca será filosofia
Não sejam tão pretensiosos, os psicanalistas acertaram
O amor, repito para ficar enjoativo, o amor é puro instinto
É puto instinto, o erro me sugere.
O amor de um jeito filho da mãe entrelaça
As pessoas, amarra, distorce. O amor é lindo
Me faz ter lágrimas nos olhos
Eu nem sei o que é amor!
Mas é ai que está! Não há metafísica no amor
Como não o há nas árvores
Por isso somente as árvores amam
E nada mais ninguém mais
Ah! se eu soubesse o amor!
Mas não. Deve-se senti-lo da mais brusca forma
Aos supetões, às porradas, às pancadas, às porretadas
Esse amor me fode!
Onde está você amor?
Foi só uma brincadeira. Eu sei que estás ai
Aí aonde? Em todo o lugar
Menos em mim
Por isso te busco
Como um louco paulistano faminto e desvairado
Ah! se eu comesse, à fartas porções, o amor!
Queria eu me fartar dele, arrotar amor
E beber cicuta passional
Cianureto de pancada, de amor.
Amor eu te sei. Amor eu te sinto
Amor eu não te sei. Amor ainda te sinto
Sem amor eu não seria homem
Seria bichoOu nada seria.
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