segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Alento

Os suspiros para quem de direito, para os ombros cansados, para o enfado nosso de cada dia. Amém. A tolerância que faz o honesto ser complacente seja louvada. E Deus também. O sorriso venha ao encontro do angustiado, que os extremos achem no que é bom o seu meio-termo. Que haja paz na Terra e dentro dos corações. Vamos louvar os lugares comuns porque é ali que a beleza reside. A tentativa de sair do óbvio é ansiedade decorrente de perturbação. Que O Grande Perturbador seja aplacado e sua fúria seja neutra. Que os sonhos permeiem as cabeças das pessoas, que todos sejam crianças, e não só reminiscências nubladas de infância .
A incompletitude é motor para o mal. A harmonia entre as forças é que é boa. Se o bom deve ser louvado, louvemos primeiramente a Deus em nossas obras, pensamentos e ações. Que o perdão seja a moeda corrente. Que a noção usual de valor seja destruída. Que não haja riqueza material nem conflitos de interesse. O céu está aí para ser construído. O céu tende a ser uno. Deus é uno. Os humanos são múltiplos. Os humanos são o próprio Grande Perturbador. Os humanos são a latência da destruição inerente. Os humanos são o mal. Os humanos parecem não ter jeito. Eu também sou humano. O que farei? Eu sei o que fazer, não me questione que a resposta virá de cima. De cima de onde o espaço já não serve de nada, de onde o tempo for uma piada. O inferno fica pra baixo e nos puxa tanto. Aí alguém entra na conversa e diz que a gravidade é diabólica porque limitadora e porque não nos deixa voar. O nosso maior desejo barrado. Queria tanto voar. Voar é bom. A dor do não, a dor do não. Mas tudo tem que ter o seu oposto. Ah se não fosse o sim, não haveria não e então eu poderia voar para dentro, fora de mim e do espaço, porque o espaço é outra gaiola. A existência é uma gaiola, a vida é uma gaiola, só a lágrima é livre, e efêmera. Esta palavra efêmera é tão bonita: Efêmera, você me aceita como seu legítimo escritor? Esqueça o não, ele é feio. Beleza eu te amo tanto, mas você é tão fugaz! Senta aqui, vamos conversar mais. Você sempre vai embora tão cedo. A sua vizinha, a poesia, me fascina. Nossa, aquelas curvas! Como é sensual! Ela sempre me seduz e me reduz a nada. Parece que gosta de ver nossa alma lânguida, suja, orgasmada e cheia de mosto. Quando a gente dá uma sacada ela vai embora, aí o que era prazer torna-se dor. Até se acostumar de novo... O mundo: eu não gosto do mundo e gosto do mundo e não gosto do não-gostar do mundo e gosto do não-gostar do mundo e gosto do gostar do não-gostar do gostar-gostar-gostar não gostando sempre do gostar do gostar do não gostar. Vá lá, qualquer coisa de intermédio. Não sei não, mas a tal de filosofia deixou transparecer um pedaço da perna, piscou pra mim. Bem, descobri que era poesia também. Sou cego, e daí? Só porque você me questionou de novo, vou disparatar: E vi que Deus era bom porque poesia, que o universo era bom porque poesia, que a existência era boa porque poesia, porque a vida era boa porque poesia, porque o mundo era bom porque poesia, porque a literatura era boa porque poesia, eu era bom porque poeta. Eu era contradição num vôo onírico e cheio de lascívia. Viajei na alma feminina e vi beleza, complacência, gratidão, vi prazeres também. A mulher era poesia e transacionava minha alma, mas como ela se misturava! Fiquei impregnado de mulher e comecei a me amar. Parei de me amar porque não podia me contemplar a todo o tempo, porque era enjoativo, porque o externo é melhor se misturado com nossa alma e depois, vomitado. O ato de vomitar não pareceu tão brutal assim, até porque comecei a gastar menos folhas de rascunhos. Os rascunhos não tinham tanto mérito por pura questão de estética pobre e convencional. Aí resolvi me contradizer, e contradigo o que me contradiz em outra direção, para que tudo fique muito confuso, prolixo e maravilhoso. Esse negócio de coerência é coisa de gente tonta. Vou falar o que quiser, não vou falar o que quero, vou falar o que não quero dizer, de fato. A minha mãe, a minha mãe é tão legal, eu nunca vou esquecê-la. Já chorei só de pensar em perdê-la. Minha vida não seria a mesma se não fosse a parteira, a médica, a Carmen Silva, minhas irmãs, minhas tias, minha avó. A MÃE DE MINHA MÃE! Que coisa divina! A coerência existencial é linda! Ah se não fosse a Márcia, a Ângela, a Débora, a Lurdinha, a Maria do Carmo, a Nanci, a Santinha, a Neli, a Leonora, a Alexandra, a Isabel, a Eliane, a Helena, minhas professoras! Elegi uma de cada série, arbitrariamente. Lembro-me da primeira namorada, eu tinha 4 anos de idade; ela chamava-se Denise. Há uma que centraliza o meu pensamento e meu sentimento agora: A Jemima. Me sinto no paraíso dos xiítas! Falta pouco para setenta e duas virgens! Sim! Porque devemos aceitar duas coisas: deixamos de ser virgens quando nascemos, ou aceitamos que as mulheres são purificadas a cada sexo, a cada filho. As mulheres nunca deixam de ser virgens. Os homens que são impuros. Guerras se fazem entre reis e nunca entre rainhas! Malditos sejamos nós, os homens! Prostemo-nos ante elas, porque Deus é mulher. Pensa bem homem! Você tem de trabalhar, não carrega o filho, não sente dor, portanto não pode pagar o preço da vida! Somos miseráveis, companheiros.
Voltando ao assunto, proclamo-me como o bendito fruto entre as mulheres. Sou bendito porque por elas fui purificado. Jesus também nasceu de uma mulher, sem a participação do homem. Não sou Jesus e sou bendito! Elas só podem ser divinas!
Donde vem a inspiração? Donde vem a ciência? Vem delas!
Sinto-me enamorado por todas vocês, sejam quem forem, onde estiverem.
Vocês nos dão a vida, comida, educação, paixão, amor, orgasmo, companhia, apoio, e lágrimas quando morremos.

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